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Poupança enfraquecida

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A caderneta de poupança perde volume recorde neste início de ano, refletindo a conjuntura macroeconômica desfavorável. No primeiro trimestre, a evasão de recursos alcançou a marca de R$ 24,05 bilhões contra R$ 23,2 bilhões do mesmo período de 2015, o qual também estabelecera fuga inédita. O alerta é acionado, pois, no ano passado, a retirada de dinheiro já havia superado a entrada pela primeira vez em 10 anos, fenômeno que, a julgar pelos recentes dados, tende a se repetir.
O enfraquecimento da poupança manifesta a instabilidade orçamentária que muitas famílias enfrentam em face da recessão. Apesar de sua baixa rentabilidade, este sempre foi o investimento favorito dos brasileiros conservadores devido à segurança que proporciona. As economias da maior parte da população estão lá depositadas, o que funciona como termômetro. Se a injeção supera os saques, é indicativo de que a população está conseguindo arcar com as despesas e ainda reservar quantias para objetivos pessoais ou por precaução. Quando ocorre o oposto, sobretudo, de modo sucessivo, é sinal de dificuldades, uma vez que os trabalhadores têm consumido essa margem de capital e se tornam mais vulneráveis a eventuais intempéries

Tal fragilidade toma forma diante de indicadores preponderantes os quais vêm naufragando, entre eles, o desemprego em franca dilatação. Com o mercado cada vez menos aquecido, os trabalhadores têm sido afetados por cortes e, ademais, a busca por reposicionamento empregatício se alonga, resultado do ritmo econômico debilitado. Assim, automaticamente, a poupança é sacada de forma mais intensa. A inflação dá sinais de arrefecimento, contudo, de maneira acumulada, ainda suga a renda das classes média e baixa, configurando-se como outro ponto que compromete o desempenho da aplicação.

O esvaziamento das contas desta estirpe é motivado também pela baixa atratividade que a modalidade oferece. Enquanto a rentabilidade dos fundos de renda fixa está atrelada ao crescimento da Selic, a caderneta tem limitação, nas ocasiões em que o juro está acima de 8,5%, como acontece no presente. Então, rende 6,17% adicionados à variação da Taxa Referencial. Como os juros básicos estão em 14,25% (taxa mais alta desde 2007), a poupança se torna desinteressante a quem deseja obter retornos e se torna gradualmente desfocada. Em 2015, a aplicação pagou apenas 8,15% e sequer cobriu a inflação do período. Conforme cálculo da consultoria Economática, a poupança amargou decréscimo no poder aquisitivo de 2,28%, performance mais fraca desde 2002.

O que ainda mantém parte da população fiel à poupança é a ausência de riscos. Pesquisa do SPC Brasil em parceria com a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) constata que aproximadamente 70% dos entrevistados aderem a essa modalidade. O estudo destaca que 56% das pessoas optam pela caderneta em busca de segurança e a fim de evitar quaisquer possibilidades de desastre financeiro.

A poupança ainda é usada por milhões de pessoas em prol de objetivos de conquista ou salvaguarda financeiras. No entanto, caso a atual configuração econômica persista, o número de investidores que tenderá a abandonar a modalidade será vultoso. A aplicação necessita ganhar maior atratividade para manter o título de preferida pelos brasileiros por muitos anos. Com a baixa remuneração que concede hoje e a redução da capacidade de investimento do trabalhador, essa reputação pode estar ameaçada.

 

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